Era uma vez uma andorinha
Com asas que voava,
Voava sobre o mar
Sobre o sol
E sobre as casas....
E fugia,
E fingia,
Brincando,
Rodopiando,
Como se o sol não existisse
E a vida não lhe fugisse da mão
Ora fria,
Ora terna,
Como um pequeno raio de sol de inverno
Em pleno verão...
E a andorinha volta
E revolta
E revolta-se também;
E chora baixinho.
Com felicidade,
Quando algures
Alguém lhe diz: “fica bem”!
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Era uma vez uma andorinha
Feita do amor e do ódio.
Do ódio que se tem de qualquer jeito
E do amor
Que ela mesma constroi dentro do peito...
Era uma vez o mar.
E uma andorinha a voar.
E outra andorinha
Pousada na margem a descansar...
E a beber
E a viver
(ou a morrer?)
E a cismar.
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Era uma vez duas andorinhas.
Uma aquí
Outra ali
Ou em qualquer lugar.
Duas andorinhas,
Uma sem nada
Outra sem coisa nenhuma.
Ambas à procura,
Ambas inquietas à beira do mar!
Era uma vez duas andorinhas....
Do mar vem a coragem.
Da vida vem o medo p’ra seguir a viagem!
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Era uma vez uma andorinha.
E outra,
E mais outra,
E ainda muitas mais....
E um planeta cheio de medos,
E um mar cheio de vendavais...
E viver é tão simples!
(mas complicado demais!)
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Era uma vez uma andorinha
Em migração permanente.
Era uma andorinha no meio de toda a gente!
Uma andorinha com asas que não podem voar.
Era uma vez tudo!
Era uma vez nada!
Sempre a ir...
E a voltar....
Era uma vez...
Era uma vez...
E conta-se a história mais uma vez!
E a andorinha volta,
Ou já não volta , de vez!
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Era uma vez uma andorinha,
E um lobo,
e um cão,
E uma vontade
Talvez até sem nenhuma razão.
E um rio sem água,
E uma maré cheia,
E uma certeza de que virás...
Ou não!
E amanhã rezas.
Como ontem e como hoje,
Pelos mesmos motivos de sempre,...
Ou não!
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E era uma vez tu,
E eu,
E ele, mais uma vez.
Duas andorinhas,
e um cão,
E um gato a jogar xadrez
Na hora de Amar,
Porque a história se repete
Mais uma vez.
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E era uma vez uma andorinha
E mil delas novamente
Todas a Amar
Todas a Voar
Com os pés no chão
Como toda a gente.
E uma vida,
E um ensaio,
E um calor doce numa chuva de Maio.
Porque Amar é preciso!
E Voar ainda mais!
P’ra Viver
E enfrentar todos os vendavais!
Não me vou desta vida!
nunca hei-de morrer!
Virão anos aos milhares
E andorinhas com asas
Aos pares!
E os dias,
Sempre enormes,
Um,
e outro,
e todos,
Com certeza de vencer!